20070430

Desvario na linha Lisboa-Tomar às 19h57 de 24 Abril

Camuflado de penas azuladas para se confundir com o céu,
vai o homem que tentou enganar o Sol.
Um Sol, roto de velho e farto de aquecer pastores de cabras e de camisolas quentinhas no Inverno do frio.
Como escondia o objectivo principal da sua tentativa,
o homem sentia-se tão confiante como um passageiro de comboio
com o bilhete válido até ontem.
Não vale a pena tentar mandar areia para os olhos do Sol
porque o revisor acorda quem vai a dormir,
para lhe ver o bilhete.

20070426


(começou aqui)


Eles tentavam disfarçar o calor que saía das meninas do olhar, mas via-se bem a humidade vaporosa que se levantava, do sítio onde se encontravam e que o cartaz não anunciava. Às vezes, os dois confundiam-se em um só, mas quando trocavam as palavras com o que queriam, realmente dizer, toda a unidade ia ao encontro da relatividade dos seres, na diferença que está em agirem sem pensar e pensarem sem agir…

A história deles ia assim, tal e qual a estão a ler e a não perceber, talvez eu e eles soframos do mesmo bem.

Afinal o espectáculo anunciado no cartaz tinha sempre a lotação esgotada, mesmo nos dias em que ia muita gente comprar o milho para as pipocas.

Muitos actores só atrapalham e o dois era o número par, considerado ideal pelos que juram, nunca ter visto o filme... mesmo que a tela esteja sempre, mesmo ali à frente.


20070420

autor: J.P.Sousa
Não queria dizer que os corpos tivessem juntos, esta noite, não ia ser como as outras. Já não se iam preocupar se alguém os ia ver ou se iam ficar molhados. Primeiro ela, molhada, dos pés por vir descalça ao seu encontro depois ele, molhado e ofegante, por fim os dois molhados de desejo, saciados e molhados.
Como começou, ninguém ia acreditar se fossem afixados cartazes em locais públicos, era preciso anunciar esta estreia em locais privados, daqueles em que as letras vermelhas nos cegam com a proibição. Respeitadores da ordem pública, afixamos num local, do mais privado que há em nós. Ele era feliz e acreditava que naqueles momentos ela também o era. Toda a gente passava pelo cartaz, anunciante destes duelos e pareciam não reparar (alguns viravam o olhar e riam embaraçados, que eu bem os vi), mas ele lá estava, naquele local privado que conheciam um do outro, que era também proibido e ...

20070419

autor: Stranger
Leva-me para longe e deixa-me em qualquer porto
Afasta-me de mim
Antes que me encontrem morto

Não entendo o amor
E passo o tempo a pensar
Não chego a nada, nem o tempo, se parece importar

Sou um louco da razão

Tentei ver os sinais
E o que tinham para me mostrar
Nunca entendi o código e era dos mais normais

Sou um louco da razão

Será que já percebi
E nem quis saber
Já tive o amor bem perto
Sem o ver
Pensei que era mais fácil
Seguir o caminho prático
Mas o amor não existe misturado no que é hábito

Sou um louco da razão
Sou um louco da razão


Não penso no coração
Fui classificado demente
Tenho medo de ter medo
Desequilibra-me a mente

Sou um louco da razão
Sou um louco da razão


Apresento-vos a primeira letra/música de 2007 !
Enjoy...

20070415

Autor: miguel pereira

Guardem-se os coches e as grinaldas
Ouros e solitárias
Deixem fugir os cavalos
Abram alas à procissão

Hoje é dia de meia – noite
E de baile no salão
Não percam o sapatinho
O príncipe cego não vai ouvir

e Vai sentir
E calar

Tanta procura
Feche-se a desilusão
Na masmorra mais húmida
E cerre-se o portão

Mande-se a chave ao Tejo
Todo junto não vale um beijo

O príncipe cego sabe sentir

Não vai ouvir
Não vai calar
Vai
Mentir

20070412

Autor: glover barreto

Eu não sou "o tal" ou "o ideal" para ninguém
Fui feito para andar sozinho sem ideais e sem lei
Não busco compreensão nem as desordens sociais
Sou um traidor do destino em termos oficiais

Autor: ABrito

Tenho um criativo melodramático, em cada dedo indicador,
busco a eternidade nas receitas de um doutor
Nas caves do meu tormento afundo os medos que devolvo,
ao sítio de onde vieram em busca de outro consolo

E no desespero sadio, de me encontrar como estou
tropeço no desafio de ser igual ao que sou;

No mapa que rege o tempo sou o ponteiro maior,

magnetizado pelo espaço no minuto interior.


A fórmula química da força na equação do sentir,

Dá um agnóstico confesso idolatrado no sorrir

Autor: Nuno Belo

Na busca incessante no círculo para conquistar a Glória,
sou um infiel desmedido na cama de cada Vitória



E no caminhar sombrio de me pedirem o que dou,
aconselho o desafio de serem igual ao que sou

20070409



«Deixei abertas as portas da janela, para despertar cedo, mas até agora, e a noite é já tão velha que nada se ouve, não pude deixar-me ao sono nem estar desperto bem. Um luar está para além das sombras do meu quarto, mas não passa pela janela.Existe, como um dia de prata oca, e os telhados do prédio fronteiro, que vejo da cama, são líquidos de brancura enegrecida. Como parabéns do alto a quem não ouve, uma paz triste na luz dura da lua. (...)»


-- Fernando Pessoa in Livro do Desassossego


20070407

Páscoa... Boas



BEIJO GRANDE
XI-CORAÇÃO APERTADO



...daqueles que só damos a quem gostamos tanto

Autor: José Silva Pinto

que não faz mal amarrotar a roupa!