20060724

Anos 70


A meia-luz
Das boites clandestinas
Onde o engate acontecia e durava atrás de cortinas

O cheiro a mofo
Que o tempo trás consigo
Não perdoa…invade todo o secreto abrigo

Os azares da vida
Não te deixaram amar ninguém
O álcool vicia e não te deixa lembrar de mais ninguém

Se não tens companhia
Às 2 da manhã
Larga o copo e vai-te embora
Enquanto consegues caminhar sozinho

Tantas noites de branco sozinho
Deram-te alguma lucidez
Só bêbados resistem até tão tarde
…porque não se lembram do caminho

As paredes do bar
Com tinta já fora do prazo
Que não ousas mudar porque causa embaraço

Os quadros a óleo
Cobertos de pó
Que criticam o quotidiano burguês sem honra nem dó

FANTASIAS




vais pela rua
passo fechado
é noite escura
só tu estas acordado

olhas a luz
a luz que clareia
as fantasias
da gente que te odeia


e se te odeia
e se te odeia
é porque te teme
e te respeita
é porque geme
quando te espreita
quando geme
e grita por ti


e lá pela rua
és levado a pensar
ou te entregas
ou te mandam apanhar

a tua sombra
vai à frente e atrás
no ritmo certo
que não te satisfaz


e se te odeiam
e se te odeiam
é porque te temem
e te respeitam
é porque gemem
quando te espreitam
quando gemem
e gritam por ti

se fantasiam de ti

20060708

20060703