20071121




Era memória minha de me arrastar de reflexos
passando nos intervalos meus sobre os seixos
indo de bicicleta pelos caminhos
mergulhando desde a areia dos meninos
e voltava à tona respirar
pôr mais na memória para lembrar
mexer-me muito fugir para o monte
e voltar a fugir entre o horizonte

pegava no Outono pelas pétalas dos dedos
que caiam seguidas mexendo nos medos
Lá fora o Inverno à espera para entrar
e contar as histórias que tinha ido buscar
e eu hibernava




Lembro-me de antes viver e andar como se tudo o mais não existisse.
Sim,porque podemos viver sem andar e andar sem viver.
Mas eu vivia e andava como se eu fosse o mais importante.E era.E sou.
Antes de me exigirem que pensasse nas outras e nos outros, pessoas que me atravessaram na frente.Eu era só meu.
A minha bicicleta sabia de cor os caminhos marcados pela erva que escondia as pedras, onde eu encalhava.
Havia estrada de um lado e do lado do outro lado, ao meio erva alta, que escondia pedras.
Já tinha dito que havia erva, mas não disse que era alta e isso faz das pedras escondidas, enormes pedras escondidas onde eu encalhava.
E caía.
E levantava-me.
Re-levantava-me outras vezes...re-...-me...re-...-me
...não gemia. L E V A N T A V A - M E




20071111


Hoje preciso adormecer no meu espaço secreto.
Podes entrar...
não me importo que te tragas na tua presença
e horizontalizes o corpo a meu lado.

Se for isso que tenhas objectivado.

A companhia,
não me dificultará a percepção da lembrança
dos fragmentos que me passam pela mente e me deixam mergulhado.
Contigo a meu lado, sem interferência nas letras das musicas,
melodias de verão, flores de primavera e amores na canção.

Continuas do meu e eu do outro lado de ti,
no verso que me gravou o poeta fingidor,
que me
fragmentou a vida,
para, eu, não a viver toda de uma vez.


Fica aí, imortaliza-te em mim
e quando eu tiver inteiro
abraça-me!






fotos: Inês Sacadura -::{No©as}::- ; Nuno Manuel Baptista