20070126

Foto por Ivo Rodrigues aqui



Podes carregar no botão
à vontade.
A minha vida não vai mudar.
Será uns dias a preto
e umas noites em branco.


Mas tudo preto no branco.


Não é, que não haja cor,
na vida.
Há... e muita.
Mas assim nunca a verás.


A minha vida não muda,
a cor.
Sempre que carregues,
no botão.


Porque é que não posso,
viver a preto e branco?!


...com tudo preto no branco!

20070125

Foto original aqui por Paulo Madeira



Vem por o teu cansaço no meu peito.
Descansa as emoções no meu abraço.
Mostra a face dos teus lábios.
Olha-me de baixo...debaixo de mim.


Escuta o gemido sonoro,
da respiração que cavalga,
dos movimentos que aceleram,
do calor que sempre dá.


Que sempre dá na gentes.
Nos envolve no peito.
Rodopia e segue forte

Rodopia e segue lento.

Lento e forte
Forte e lento
lento e Forte
forte e Lento



Segura o peito na minha mão.
Vira-me as costas da nuca.
Mostra a força do teu beijo.
Olha-me para baixo...para baixo de mim.

20070121


h e a r t b e a t
original aqui: Pedro




- Então tenho que me baixar?
- Não precisas, está nevoeiro suficiente para que não nos vejam.
- Hummm....que bom este friozinho com sabor a risco.Adrenalina não é o que lhe chamam?
- Eu chamo-lhe Loucura, mas isso sou eu que sou um romântico inveterado.
- Invertebrado?
- Algumas partes sim....
- E esse sorriso sacana,...
- ...que tu adoras...
- ...convencido,deves pensar?! As coisas já não são assim...
- Então, como são agora?
- Lembras-te dos lençóis de cetim? Digamos, que já não são teus...
- Não são?? Estás equivocada...O teu cetim já não é meu mas, há por aí muitos cetins. Vem aí um carro,baixa-te!
- Timing perfeito para mudar de conversa.
- Conversa? Quem é que veio aqui para conversar?
- Ui...assim já gosto mais....Hummmm

20070117



Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,
ou metade desse intervalo, porque também há vida ...
Sou isso, enfim ...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.


Àlvaro de Campos

20070111

By avalon
-Isto é que é cetim? Nunca tinha lançado o meu corpo sobre estas vestes.
-Pois, eu pressentia em ti algum receio. Estás arrependido?
-Eu?... nem por isso…
-Vê lá…não te quero com problemas de consciência, principalmente se podem sobrar para mim.

-Então, para que é isso agora? Depois de me teres agarrado à força e trazido para tua casa, de me teres arrancado a pele do pescoço enquanto conduzia e de teres molhado cada centímetro do meu corpo…vens-me falar de consciência?
-Só não quero que te arrependas.
-Se tivesses perguntado isso antes…Olha, deixa-me uma ponta!
-deixo!?... mas tu não fumas!
-Hoje fumo. Apetece-me fazer como nos filmes. Já tenho a mulher bonita e os lençóis de cetim só me falta o cigarro.
-Parvo.
-Porquê?
-Porque sim…
-Então como é agora? A partir de hoje, há alguma coisa para mudar?
-Que raio de pergunta é essa? Se não estás arrependido quero que sejas só meu.
-Não estás a falar a sério, pois não?
-Não tenho tempo para brincadeiras…achas que os lençóis de cetim são para todos?

20070109



Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

(...)

FPessoa em Tabacaria

20070106

Levanto-me...lá fora já só restam papelinhos pisados e luzes desmaiadas que já não piscam.
Mas levanto-me.
Encho a minha metade do vazio de um sentimento novo.

Vou à janela e apago do meu mapa, os vales de remorso e culpa.Olho para longe e olho de novo.Tudo parece em branco.À espera que eu, na ânsia de viver pinte de novo outra história renovada, sobre a mesma vida.

A festa vai continuar e eu vou festejar,cair e voltar a festejar.

Ainda agora começou e eu já me vou levantar!

20070103

IMAGEM by Paulo A. em olhares.com

A cama está vazia. Eu entro e tento em vão, abafar a dor com o resto da roupa, com o resto da pele e com o resto do que resta…

Este sentir de restos em sobras que teimam em subsistir, não valem metade do sentir, que é a tua presença na minha cama, na cama preenchida pela metade que ficou, pela tua metade que ficou na nossa cama e que responde por mim… ou tenta responder. De tão longe, de entre caminhos e remorsos e vales de culpas, a pergunta é feita de tão longe, que não respondo por mim nem responde por mim…

Quase que te sinto, neste estado de quase sono…o sonâmbulo que há na metade de ti que cá ficou. Quase que te sente.

Lá fora, há estampidos de novo ano e saltinhos de bons desejos.

Ainda agora começou e tu já te foste embora!