
Já era noite e nada acontecia,
no silêncio fusco das luzes sombrias aproximavam-se
os passos da Poesia.
A luz projectava a oblíqua sombra, que aumentava/diminuía com a distância
os passos da Poesia.
A luz projectava a oblíqua sombra, que aumentava/diminuía com a distância
e me perguntava com o olhar:
- É assim que me queres? Estou suspensa na tua voz,
no movimento primeiro,em que te dás como eu dei.
Sente-me na tua voz, no movimento perfeito.
É assim que me vês?
Eu olhei resistente, fingi não ser tocado e respondi de um trago:
- Silêncio!
Lábios, beijos, abraços, desejos
Lábios, beijos, abraços, desejos
Amor ciúme que sucumbe ao lume
Os corpos cansados dormentes quentes
deformados ausentes da alma das gentes.
Voz que ecoa rouca é pouca
ouve-se em partes ritmos e danças
És a Poesia da vida que cantas
que matas que morres
te orgulhas e não te cansas.
Ela sorriu, caminhou na direcção da alma de um poeta e prometeu voltar,
quando a cena estivesse de novo aberta.